Raul Cury
In Memorian
Há homens que pela sua grandeza de espírito, pelo altruísmo de suas ideias, firmeza de caráter, humildade, dedicação ao trabalho e sobretudo, amor ao próximo, não precisaram nascer gênios, porquanto homens dessa tempera, a rigor, trazem do berço a vocação maravilhosa de cumprir uma missão superior na vida perante seus semelhantes, no seu plano de evoluções éticas atinentes dos valores sociólogos.
Sublinhando estas virtudes, destacamos a saudosa figura do Sr.Raul Cury, que foi grande personalidade dentro das suas atuações, e que hoje entra para as páginas da “História da Imigração no Brasil – As Famílias”, enfatizando que, homens desse quilate, traduzem o mais lidimo exemplo de dedicação e entusiasmo e que construíram para além do seu tempo, a própria evolução da obra de Deus.
Raul Cury nasceu em Sorocaba, estado de São Paulo, em 28 de Novembro de 1902. Filho de José, padre maronita, e de Emilia Cury, ambos libaneses, chegados ao Brasil por volta de 1890, Raul era o 6° de dez irmãos.
Assim que terminou o curso primário, Raul começou a trabalhar vendendo armarinhos e materiais diversos, carregados em lombo de burro, em Sorocaba e toda região.
Dedicado ao comércio, uniu-se, ainda muito jovem, ao irmão Miguel, que era químico, com quem iniciou a produção de explosivos para utilização industrial: fundando e construindo uma fábrica em Sorocaba, negócio com o qual prosperou. Em uma de suas viagens, conheceu Julia Alves de Souza (Julinha), em Piraquara, no Estado do Paraná, com quem se casou em 1935.
Quando seu irmão Miguel faleceu, em um acidente automobilístico, o fato teve grande impacto na sua vida e, profundamente abalado, recusou-se a aceitar a realidade. Desde então, com conselhos e influências de amigos próximos, passou a se interessar pela doutrina espírita e obras de Alan Kardec, recebendo assim o conforto espiritual.
Ao mesmo tempo, embuido dos ensinamentos espíritas e cristãos, nosso biografado passou a praticar amplamente a caridade, ajudando a todos que a ele chegaram, além de divulgar o espiritismo e manter estrito contato com diversos médiuns.
Por volta de 1940, mudou-se para São Paulo com a mulher e duas filhas, Regina e Sônia. Na capital, onde veio a nascer sua filha Márcia, ele estendeu sua obra ajudando leprosârios, Santas Casas, entre outras instituições.
Passou a frequentar a cidade mineira de Poços de Caldas, durante as férias, onde fundou em 1946 o “Abrigo União Fraternal” que, por um longo período, abrigou além de famílias carentes, sem moradias, cursos primários e de “corte e costura”, ambos gratuitos.